ano, depois de um referendo. Os Capitães de Abril e o Partido Comunista não aceitam o referendo e vão permitir a independência de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Fazem-se greves por todo o país. A insensatez dos piores momentos da lª República parecia recomeçar.

No estrangeiro rotula-se Portugal como um manicómio em autogestão. É o descrédito internacional.

Em 25 de Abril de 1975 realizam-se as eleições para a Assembleia Constituinte tendo o PS ficado com 116 deputados, o PPD com 81, o PC com 30, o CDS com 16, o MDP com 5, a UDP 1 e a ADIM 1. Pois apesar do PCP só ter 12,5% dos votos enquanto o PS tinha 38%. O PCP reivindicava o direito a impor uma ditadura do proletariado e a governar como bem entendia.
Em Timor, depois de repudiarem a bandeira portuguesa, assassinarem, sem razão, o chefe da policia, Magiolo Gouveia, prenderem 23 militares portugueses, entraram num breve, mas sangrento, período de guerra civil. A Fretilin declara unilateralmente a independência. O território acaba por ser ocupado pela Indonésia a pedido da UDT (União Democrática de Timor) e da Apodéti. Portugal, consciente das suas responsabilidades, recorre às instâncias internacionais que forçam a Indonésia a aceitar um referendo que dará a independência a Timor, passados 26 anos depois do 25 de Abril.

A independência de Angola deu-se a 11 de Novembro de 1975. Não foram acautelados, nem os interesses dos Angolanos, nem os dos portugueses.

A descolonização "exemplar" foi uma catástrofe!

A Portugal começaram a chegar refugiados de todos os territórios ultramarinos, rebatizados de colónias.

Foram criados serviços de apoio e atendimento mas, enquanto uns souberam aproveitar as facilidades concedidas e se instalaram e prosperaram, muitos outros não conseguiram sobreviver à desgraçada conjuntura.

Não houve serenidade, ponderação e firmeza. A pressa nunca deu bons resultados. No momento, faltou a coragem para dizer não. Tinham-se poupado milhares de vidas em Angola, Moçambique, Guiné e Timor. A desculpa de que estávamos fartos de guerra não tem justificação. Tanto os portugueses como os povos dos territórios ultramarinos queriam a liberdade. Pagaram-na com um preço altíssimo e podiam-na ter, de igual modo, mas de uma maneira civilizada.

Em Portugal instala-se a confusão. As forças policiais são vexadas por todo o lado. Ninguém as respeita.

Nas escolas é o caos, os alunos fazem comícios quando querem, interrompem as aulas, os professores são obrigados a aceitar e a ouvir o inacreditável. Houve escolas em que foram feitos autos de fé aos livros de história e milhares deles foram queimados para apagar da memória do País alguns actos considerados indignos pelos novos e ignaros mentores da sociedade portuguesa. O Despacho para que esta barbaridade fosse cometida foi assinado, em 17 de Outubro de 1974, pelo secretário de Estado da Orientação Pedagógica, Rui Grácio.

Demagógica e infantilmente acabam com as escolas Comerciais e Industriais que tão úteis tinham sido para o desenvolvimento do país.

Os tumultos, as greves, as perturbações da ordem eram constantes. Os trabalhadores não ouviam ninguém. Julgavam que liberdade era só trabalhar quando entendessem. Muitas empresas fecharam, o desemprego aumentou vertiginosamente e os mortos da revolução, praticamente, foram aqueles que se suicidaram por não terem trabalho.

Por estranho que pareça e em comparação com os pronunciamentos da Primeira República, em que houve milhares de mortos, o 25 de Abril saldou-se por meia dúzia. Isso deve-se aos 46 anos de paz interna que não criou ódios violentos. Os erros cometidos explicam-se pela ignorância do povo que acreditou na demagogia de uns tantos, também eles ignorantes, que pensavam que aquilo que faziam e diziam iria salvar o país. Claro que um ignorante é sempre um ignorante. E se não estudar e tiver experiência da vida comete erros sucessivos sem ter consciência que está a proceder mal. Aqueles que têm conhecimentos é que devem impedir os seus erros.

A intenção desses ignorantes podia ser boa, mas a realidade da vida é bem diferente. Governar um país, não é o mesmo que governar uma mercearia familiar, onde o deve e haver, se contabilizam no livro de vendas, a débito e a crédito.

A ignorância do povo era, em parte, devido a Salazar e em grande parte devido a professores, de todos os graus de ensino que, salvo raras excepções, se compraziam a reprovar alunos para que os braços nos campos e nas fábricas não faltassem.

Os alunos também acabam por rejeitar matérias cuja insuficiência não as torna atractivas. Não lhes dizem nada para entrar no mundo do trabalho. São matéria para esquecer ou matéria que envelhece tão rápido que é crime sacrificar-lhe a juventude.

O jovem Pedro Louçano Pires, que acabou este ano, 2005, o 9º ano, com elevadas classificações, diz-me que o mal dos alunos de matemática é pensarem que a disciplina é maçadora e difícil. Por acaso não é. O que acontece é que os professores gastam demasiado tempo com matérias que os alunos percebem rapidamente e pouco tempo com assuntos mais difíceis. Por outro lado, duas aulas de matemática por semana são insuficientes. Os exercícios também devem ser mais práticos que teóricos e os pais devem colaborar com os professores sempre que vejam falta de estudo nos filhos.

Os professores esquecem a sua mocidade, as suas deficiências, as suas revoltas. Repetem os mesmos erros. Ainda não entenderam que um aluno não é para reprovar. Um pai também não reprova um filho. Ensina-o.

Ensinar a pensar e a utilizar os livros, isso sim, é um dever sagrado.

Muitos professores esquecem-se de explicar, aos alunos, qual é o objectivo da matéria dada. Para que serve este ou aquele teorema de matemática, qual é a finalidade daquilo que estão a aprender. Isso acaba por tornar as matérias desinteressantes.

Hoje, os Governos têm à sua disposição um método fácil de evitar o insucesso:

É imperioso que o Governo utilize a televisão e a Internet e os CD-ROM como meios informativos ou repetitivos das matérias fundamentais para o desenvolvimento do País e bem-estar social. É a maneira mais rápida e eficaz de nos colocarmos ao lado da Europa desenvolvida.

De cinco em cinco anos os professores deviam sair da escola, prestar serviço, no mercado de trabalho, para desse modo estarem em contacto com a vida activa e assim compreenderem, perfeitamente, a ligação da escola ao mundo exterior.

O exemplo mais evidente do que venho afirmando está patenteado nos enganos ou na "ignorância" de ministros e primeiros-ministros, em matérias dadas na escola e indispensáveis para a passagem de ano. Esses homens e mulheres de Estado, frente a câmaras de televisão, não as sabem e nem por isso os seus actos e os seus Governos são prejudicados por essa ou essas falhas. São os olhos para o futuro que é preciso ajudar a abrir, não são as mesquinhices do ensino que é fundamental decorar.
Há muitíssimos cursos em que falta "o saber de experiência feito".

É melhor ter um lavrador doutor com ideias gerais, que um lavrador analfabeto. A escola serve para ajudar a desabrochar o espírito. Aquilo que o aluno não aprendeu na escola vai repensá-lo no mundo do trabalho.

O professor tem de ser o despertar da vida. É a voz que alerta. Nunca o carrasco que condena.

Quem quisesse ensinar devia-o fazer sob juramento. É profissão mais nobre e a mais sublime. O professor é a escada do progresso e do futuro.

Voltemos à outra história.

O Governo quer impor-se. O MFA não deixa. O PREC (Processo Revolucionário em Curso) é liderado pela inconsciência, pelas rádios e pelos jornais que gritam e escrevem as palavras de ordem para que o caos continue. O quarto poder (a comunicação social), nunca teve tanto poder e nunca o utilizou tão mal, salvo raras excepções.

Os militares, que compõem o Movimento das Forças Armadas, excitados pelo êxito fácil e pelas aclamações daqueles que nada fazem e pouco têm a perder, impõem a sua vontade porque têm a força das armas.

O primeiro ministro, Palma Carlos, demite-se. O MFA indica o nome do coronel Vasco Gonçalves como novo Primeiro-Ministro.

O Presidente da República, General Spínola, tenta, ele também, travar a onda inconsciente que percorre o país. Não o conseguindo, demite-se. Alguns membros da Junta de Salvação seguem-lhe o exemplo por discordarem da linha pró-comunista dada ao Governo pelo Primeiro-ministro.

É nomeado, pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), Presidente da República o General Costa Gomes.

No Governo passam a dominar os comunistas e os militares de esquerda. Começam as prisões arbitrárias dos empresários e de todos aqueles que denunciam as infantilidades perigosas, em que os militares estão a cair por impreparação política, incompetência e pouca experiência da vida prática. Fazem-se ocupações de casas e de herdades, expropriações sem qualquer sentido, nacionalizam-se os jornais. Espalha-se o boato que o COPCON (comando das forças operacionais) tem uma lista de figuras a abater. É a matança da Páscoa. Todos aqueles que podem e temem represálias saem apressadamente do país. São, pelo menos, 50.000 que procuram o Brasil. É a nata do País que foge à irresponsabilidade de uns tantos.

Começam as ocupações de terras no Alentejo e no Ribatejo. São ocupadas as herdades do Engal, do Esparteiro, das Faias, das Águas Belas, da Aldeia Velha e do Peso.

A situação torna-se insustentável. Adivinha-se um banho de sangue. A 11 de Março de 1975 há um esboço de golpe militar que não resulta. É criado o Conselho da Revolução, o Conselho de Estado e o Conselho dos Vinte.

As nacionalizações aumentam de ritmo. O descrédito internacional é enorme.

O país está economicamente arrasado. O MFA continua a impor a sua vontade, injusta, infantil e demagógica sem ter quem lhe faça frente. Não se dá conta que está a prejudicar Portugal e o futuro dos seus próprios descendentes. Aceita, no entanto, que se realizem eleições para a Assembleia Constituinte, mas com a condição de os Partidos se comprometerem a nela reconhecerem o Conselho da Revolução como órgão de soberania e que Portugal caminharia sempre rumo ao socialismo.

De uma só vez são nacionalizadas 24 empresas.

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