náuticos de modo a determinar a altura de um astro sobre o horizonte e, dessa maneira, calcular a latitude (distância de um lugar ao Equador da terra). Além destes instrumentos, utilizavam ainda as cartas de marear, as bússolas, os guias náuticos com regras de navegação astronómica, elementos de cosmografia e tábuas de declinação.

Senhores de "ciência certa e de saber de experiência feito", em 1460, Diogo Gomes e António da Nola descobrem Cabo Verde. O infante D. Henrique manda, de imediato, povoar as ilhas. Morre neste mesmo ano.

O custo dos descobrimentos foi sempre muito superior aos seus benefícios. Só se compreendem estes gastos, com um "saco azul", muito recheado de riquezas, capaz de sustentar ideias tão megalómanas, num país tão pobre de recursos.

D. Henrique investiu, a bem dos povos, o Tesouro dos Templários e deixou-o entregue a novos iniciados que souberam, depois das gravíssimas crises por que Portugal passou, encontrar a maneira de ajudar os governos a ultrapassar dificuldades.

Um desses iniciados foi o infante D. Fernando, Grão-Mestre da Ordem de Cristo, o homem mais rico de Portugal e pai do futuro rei D. Manuel.

Em 1469, D. Afonso V fez um contrato de exploração, por cinco anos, com o mercador Fernão Gomes, mediante o qual ele se obrigava a descobrir cem léguas da costa cada ano. Navegadores ao seu serviço descobriram as ilhas de S. Tomé e Príncipe, Ano Bom e Fernão Pó.

O filho de D. Afonso V, o futuro rei D. João II passa a orientar a expansão ultramarina.

No Tratado de Alcáçovas, destinado a regulamentar as pretensões de D. Afonso V ao trono de Castela, é introduzido um artigo em que o mundo ficaria dividido em duas metades, demarcado pelo paralelo das Canárias. Este Tratado é confirmado pelo Acordo de Toledo, em 6 de Março de 1480 onde se reconhecia a posse exclusiva a Portugal, do comércio das costas da Guiné e da Mina assim como a posse efectiva da Madeira, Açores, Cabo Verde, Guiné e todas as terras que os portugueses descobrissem para sul das Canárias. O norte ficaria para Espanha e o sul pertenceria a Portugal. Veremos, no reinado de D. João II, como o rei, sábiamente o conseguiu modificar.

Ao desejo de propagar a fé, os portugueses, juntaram outros interesses. Foram criadas feitorias (ao princípio eram pequenos estabelecimentos comerciais). A primeira feitoria foi a de Arguim (entre o Senegal e a Gâmbia). O comércio do marfim, dos escravos, do ouro e da malagueta seduzia pelos lucros que proporcionavam. Os portugueses davam, em troca dos produtos mencionados, sal, tecidos, trigo, cavalos e objectos de cobre e latão.

Nos últimos anos do seu reinado, D. Afonso V vive a sonhar com a unidade hispânica sob o domínio português.

A história conta-se em poucas palavras. A irmã de D. Afonso, D. Joana, casara com o rei de Castela, D. Henrique IV, e deste teve uma filha, também chamada Joana. Era voz corrente que o pai não era o rei, mas sim Beltran de La Cueva, pelo que chamavam a Joana a Beltraneja e recusaram-se a aceitá-la como rainha. O rei insistiu e quer casá-la com o tio D. Afonso V. Entretanto Henrique IV morre. D. Afonso V reclama o trono castelhano, mas este é defendido por Fernando de Aragão que, entretanto, tinha casado com a outra filha do rei de Castela, D. Isabel, e assim começara a formar-se o puzzle espanhol unindo, definitivamente Castela, Leão e Aragão.

Em Maio de 1475 dá-se a batalha de Toro para defender as pretensões do rei Português. Perdemos.

É nesta batalha que o alferes Duarte de Almeida, rodeado de inimigos, que pretendem arrebatar-lhe o pendão real, mesmo depois de lhe cortarem as mãos, o defende, segurando-o com os dentes. E, quando completamente esvaído em sangue, os castelhanos lho arrancam da boca, é outro português, Gonçalo Pires, que, com a valentia inata dos portugueses, o arranca aos inimigos e o põe a salvo.

A partir desta derrota, o rei nunca mais foi o mesmo.

Em 1478 é apresentado o primeiro orçamento do reino.

Afonso V era um homem ambicioso e perdulário, mas também um homem culto e um grande protector das letras, tendo deixado uma importante biblioteca.

Neste reinado foi nomeado Cronista-Mor, Gomes Eanes de Zurara, filho de um cónego, que escreveu a "Crónica da Tomada de Ceuta" e a "Crónica dos Feitos do Infante D. Henrique".

D. JOÃO II - O PRÍNCIPE PERFEITO

(reinou de 1481 a 1495)

D. João II mostra grande capacidade governativa, mas queixa-se que o pai só lhe deixara as estradas do reino.

A Expansão marítima está-lhe no pensamento. Logo no inicio do reinado, manda construir a fortaleza de S. Jorge da Mina.

Os problemas surgem-lhe no interior do país. A nobreza, cada vez mais poderosa e arrogante, contesta o rei e bandeia-se com Castela. D. João finge não perceber os insultos e a possível traição. Depois de ter a certeza que D. Fernando, Duque de Bragança era o chefe, prende-o, julga-o e manda-o degolar, confiscando-lhe todas as terras que possuía. O irmão do Duque, o Marquês de Montemor consegue fugir e o Conde de Faro, também irmão dos primeiros, morre antes de ser condenado.

Em 12 de Novembro de 1481 reúne Cortes em Évora para consultar o parecer das três classes (nobres, clero e povo).

A Imprensa dá os primeiros passos em Portugal.

Apesar dos problemas internos, D. João II, em 1482 envia Diogo Cão, nasceu em Vila Real, com a finalidade de explorar o litoral africano e o propósito de ir até ao limite sul de África e desta maneira achar a junção dos oceanos Atlântico e Indico. Ele acaba por descobrir o estuário do rio Zaire. Coloca aí o primeiro padrão (marco, monumento de pedra) para indicar a passagem dos portugueses.

Os nobres continuam a não se dar por vencidos, o rei sabe-o. Um deles é o próprio cunhado, o Duque de Viseu que planeia, com outros conjurados assassinar o rei em Setúbal. D. João II é avisado por Vasco Coutinho, irmão de um dos conspiradores. Chama o Duque de Viseu a Palmela e apunhala-o várias vezes. De entre os conspiradores encontrava-se D. Garcia de Meneses, Bispo de Évora, que morre envenenado numa cisterna; o irmão é degolado, a muitos outros acontece o mesmo. Só o Conde de Penamacor consegue fugir para Itália.

Neste mesmo ano de 1485, Diogo Cão atinge a serra Parda e entra no reino do Congo.

Nada se fazia ao acaso, os recursos eram geridos com muita ponderação, firmeza e inteligência.

D. João II cria a Junta dos Astrónomos pela qual temos a certeza do carácter cientifico dos descobrimentos.

O rei queria atingir, por mar, o Oriente e descobrir o lendário Império do Prestes João. Envia por terra Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva (nasceu em Castelo Branco), e Bartolomeu Dias, por mar. Partem em 1487.

Em 1488, Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo da Boa Esperança (Cabo das Tormentas). Acabaram-se os medos do Mar Tenebroso onde apareciam gigantes que engoliam as embarcações e no qual nenhum marinheiro se aventurava. Aventuraram-se os portugueses.

Mas que é feito dos outros aventureiros; de Pêro da Covilhã e de Afonso de Paiva? Separam-se em Aden; Pêro da Covilhã chega a Calecut (Índia). Afonso de Paiva morre, quando se dirigia à Etiópia. Pêro da Covilhã, depois de contar tudo quanto sabe da viagem e de todas as aventuras por que passou a José de Lamego e Abraão de Beja que tinham sido enviados pelo rei à procura dele, segue para a Abissínia onde se fixou.

Em 1491, D. João sofre um rude golpe na sua vontade de engrandecer o país; o seu único filho, que tinha casado com a infanta Isabel de Castela, com o intuito de unir os reinos, (mas o destino não deixa unir Portugal e Espanha. E sabe-se lá porquê) tem um acidente a cavalo, perto de Santarém, e morre.

O amor da Pátria supera todas as dores. Procura-se contornar a África. Estudam-se as possibilidades de encontrar outras terras para ocidente.

Entretanto, o genovês Cristóvão Colombo, que casara com a filha de Bartolomeu Perestrelo (primeiro Donatário da Ilha de Porto Santo) e navegara nas caravelas portuguesas, ofereceu-se a D. João II para demandar essas terras. D. João II não aceitou. Ele sabia, segundo o Tratado de Alcáçovas, confirmado pelo acordo de Toledo de 1480, que essas terras a existir pertenciam a Castela. Colombo vai oferecer os seus serviços aos Reis Católicos, Fernando e Isabel, de Castela que, ao fim de muita insistência, lhe entregaram os navios pedidos.

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