Para demonstrar o apoio de Portugal à igreja, D. Manuel I enviou, em 1514, ao Papa Leão X, uma embaixada chefiada por Tristão da Cunha, tão faustosa, que serviu de pretexto para uma demonstração do poderio Português em todo o mundo conhecido.

A ilha de Ceilão (Sri Lanka) é visitada por D. Lourenço de Almeida. É reconhecida a sua riqueza em canela e marfim. Em 1518 é aí construída pelo vice rei Lopo Soares de Albergaria uma fortaleza em Columbo, para assegurar o comércio.

É elevado à dignidade de Bispo do Congo, D. Henrique. É o primeiro Bispo negro.

Em 1519 o navegador português, Fernão de Magalhães, nascido em Sabrosa (1480-1521), Trás-os-Montes, ao serviço do rei Carlos V de Espanha, faz a primeira viagem de circum-navegação à volta do globo.

É inaugurada a Torre de Belém. João de Castilho trabalha no Mosteiro dos Jerónimos.

Em 6 de Novembro de 1520 é nomeado Luís Homem como o primeiro Correio-Mor do Reino.

Em 1521 são publicadas as Ordenações Manuelinas que, tal como as Afonsinas, serviram para eliminar as leis já desactualizadas, acrescentar novas e ordená-las convenientemente.

Lisboa passa a ser a capital de uma Europa onde todos os mercadores afluem. Portugal torna-se a maior potência naval e comercial daquela época.

D. João III - O PIEDOSO

(reinou de 1521 a 1557)

Portugal tem um milhão e duzentos mil habitantes. Parece impossível, como tão pouca gente se espalha, defende e coloniza um imenso império que está em todos os cantos do globo.

D. João III envia para o Oriente homens de extrema confiança com a função de Vice-Reis.

O império é defendido por verdadeiros heróis como António da Silveira, D. João de Mascarenhas e D. João de Castro, que sofrem ataques violentíssimos em dois cercos a Diu. O primeiro, durante cinco meses e o segundo sete. A nobreza de carácter e a honra eram tão prezadas que, para reconstruir a fortaleza de Diu, D. João de Castro tenta empenhar os ossos do filho e depois as barbas.

O império começa a ser cobiçado pelas potências europeias. Em 1530, D. João III envia Martim Afonso de Sousa para terras de Santa Cruz (Brasil) com a finalidade de as proteger contra os franceses. Deu-lhe autorização para as constituir em capitanias (divisão de terras) e mandá-las povoar. Principia a cultura da cana de açúcar.

No reino vive-se a exaltação da fé. Quer impor-se a religião aos cristãos-novos que abjurarem e combater os bruxos, os feiticeiros, a blasfémia e a bigamia. Só um tribunal tutelado pelo Papa tinha força para travar estas situações: O Tribunal da Inquisição. Em 23 de Maio de 1536, Paulo III autoriza a criação do Tribunal da Inquisição ou Santo Oficio. Compõem-no os Bispos de Coimbra, Lamego, Ceuta e outra pessoa escolhida pelo rei.

Este Tribunal tinha como finalidade castigar os crimes contra a fé e os bons costumes. Enquanto funcionou viria a condenar à morte, pelo fogo, cerca de 1500 pessoas.

D. João III além de administrador prudente, tanto na política externa como interna, foi ainda um humanista. Para isso contribuiu, em muito, a Companhia de Jesus que promoveu a cultura, a instrução e a acção missionária.

Em Paris, no Colégio Universitário Santa Barbara, criou 50 bolsas de estudo.

No seu reinado a inteligência portuguesa atingiu um dos maiores apogeus com homens e mulheres que marcaram época não só em Portugal mas em países estrangeiros que os admiravam e disputavam com avidez.

Lembremos alguns que, tal como diz o poeta, "Se libertaram da Lei da Morte":

Rui de Pina, nasceu na Guarda (1440-1523), escreveu as crónicas dos reis D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Afonso V e D. João II. Foi nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo.

Gil Vicente (1470-1536). Foi o fundador do Teatro Português. Pelas suas peças pode-se estudar a linguagem, os costumes e a vida social dos portugueses naquela época. Da sua pena saíram críticas magnificas aos desmandos daqueles tempos. Escreveu 46 peças teatrais. Escolho três como referência: "Auto da Alma"; "Inês Pereira" e "Quem tem farelos?".

Garcia de Resende: nasceu em Évora (1470-1536), publicou o Cancioneiro Geral onde compilou a poesia do fim da Idade Média e Renascimento.

Os outros Cancioneiros, anteriores ao de Garcia de Resende, tomaram o nome de Cancioneiro da Vaticana, Cancioneiro da Ajuda e Cancioneiro da Biblioteca Nacional. Aí foram coligidas as poesias dos séculos XII até ao século XVI. As poesias andavam dispersas porque não havia livros de poesia publicados pelos seus autores, primeiro, porque a produção era escassa e depois porque a imprensa só se desenvolve após Gutenberg ter aperfeiçoado o prelo e o material do impressor de letras móveis (tipos), dando origem à tipografia.

Até ao século XIII as cópias dos manuscritos eram feitas nos mosteiros de Lorvão, Santa Cruz de Coimbra e Alcobaça, depois começam a aparecer corporações de índividuos que se dedicam à cópia de manuscritos e, finalmente, no século XV, aparece a tipografia.

Sá de Miranda, nasceu em Coimbra (1481-1558). Foi poeta brilhante. Tendo vivido, vários anos, em Itália trouxe para Portugal o soneto, o hendecassílabo, os tercetos, a oitava rima, formas utilizadas pelos poetas italianos.

Pedro Nunes, nasceu em Alcácer do Sal (1492-1577). Matemático e astrónomo. Cosmógrafo-mor do reino. Foi um dos maiores geómetras do século XVI. Inventou o nónio (pequena régua agregada a outra e que permite ler fracções da régua principal). Escreveu vários livros que serviram de estudo não só em Portugal mas em diversas Universidades estrangeiras.

João de Barros (1496-1570). Historiador de prosa de eleição pela sua pureza e vigor. Escreveu as "Décadas da Ásia" onde conta a história do domínio português no Oriente. Escreveu também uma Gramática da Língua Portuguesa e uma Cartilha para Aprender a Ler, além de um romance de cavalaria, "História do Imperador Clarimundo."

André de Gouveia, nasceu em Beja (1497-1548). As suas capacidades e a sua inteligência eram tão notáveis que foi reitor da Universidade de Paris. D. João III pediu-lhe para indicar os melhores professores estrangeiros para a Universidade de Coimbra. Fundou ainda o Colégio das Artes.

André de Resende, nasceu em Évora (1498-1573). Foi professor na universidade de Paris. Ensinou Humanidades em Coimbra. Publicou o primeiro estudo dos monumentos epigráficos (inscrições gravadas a cinzel, a buril ou com um instrumento pontiagudo no granito, no mármore etc) da época romana em Portugal.

Fernão Lopes de Castanheda (faleceu em 1559). Escreveu "História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses".

D. João de Castro, de quem já falámos, nasceu em Lisboa (1500-1548), além de vice-rei da Índia escreveu os Roteiros de Goa a Suez, de Goa a Diu e de Lisboa a Goa nos quais regista não só a arte de navegar, mas hidrografia, meteorologia e fenómenos magnéticos naturais. A sua justiça e honradez eram tais que, ao morrer, nem dinheiro deixou para comprar uma galinha.

Bernardim Ribeiro, nasceu na vila de Torrão (1500 - 1552). Foi o iniciador da poesia bucólica (poesia campestre, pastoril). É autor de "Menina e Moça", de éclogas e de várias poesias. Morreu doido.

Garcia de Orta, nasceu em Castelo de Vide (1500-1568) Escreveu "Colóquios dos Simples e Drogas da Índia", mistura de medicina, farmacologia e filosofia natural. Apesar da sua obra ter sido adoptada para estudo, na Espanha, na França, na Itália, na Holanda e na Alemanha, foi julgado e condenado pela Inquisição. Depois de morto foi desenterrado e queimado pelos maquiavélicos e rancorosos padres do Santo Ofício.

Brás de Albuquerque, (1501-1587). Foi presidente do Senado de Lisboa. Escreveu "Comentários do Grande Afonso de Albuquerque" de quem ele tinha herdado os documentos e era filho bastardo.

Damião de Góis, nasceu em Alenquer (1502-1574). Foi escritor, diplomata e cronista. Escreveu a crónica d'El-rei D. Manuel (1566) e crónica do príncipe D. João (1567). Percorreu a Europa e conviveu com os homens mais ilustres daquele tempo: como o holandês, Erasmo, o maior humanista do Renascimento. Martinho Lutero, que foi o chefe da Reforma religiosa, e o cardeal Bembo, secretário do papa Leão X, e homem de muita cultura e brilhante escritor.

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