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             D. JOSÉ I - O REFORMADOR 
             
            (reinou de 1750 a 1777)
             
 O reinado de D. José é fruto do governo do ministro Sebastião José de Carvalho e 
Melo (1699-1782), conde de Oeiras e Marquês de Pombal que seguiu à letra, e exagerando-a 
mesmo, uma ideia muito em voga nas cortes da Europa: a do "despotismo esclarecido"(poder 
absoluto do rei a quem todos deviam obedecer).
 Sebastião José, à sua argúcia, juntou a visão da Europa evoluída. Tinha sido embaixador 
em Londres e em Viena de Áustria.
 Em 1751 sai uma pragmática contra o uso dos panos importados.
 Em 1752 é determinado o controle de sanidade dos produtos comestíveis.
 Em 1754 é criada, na Universidade de Coimbra, a cadeira de Controvérsias e mais tarde 
uma aula de Retórica.
 Em 1755 sai um Alvará que declara isentos de infâmia todos aqueles que casassem 
com Índias da América. 
 Em 1 de Novembro de 1755 dá-se o Terramoto que destruiu mais de metade de Lisboa 
e matou, só na cidade, mais de dez mil pessoas. O futuro Marquês de Pombal 
mostrou-se incansável, clarividente e implacável contra aqueles que roubavam os cadáveres ou 
assaltavam casas. Rapidamente mandou socorrer as vítimas, e reconstruir a zona devastada, com a 
superior orientação dos arquitectos Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel. 
Deu-lhe um traçado moderno e mais seguro perante o risco de novas 
catástrofes. Proibiu que os preços dos materiais aumentassem, assim como os salários dos trabalhadores.
 Em 1756 é fundada a Arcádia Lusitana ou Ulissiponense.
 Em 3 de Setembro de 1758 o rei é vítima de um atentado quando ia para uma 
aventura amorosa. Levou uns tiros de bacamarte no braço direito. O Marquês manda investigar o 
caso e, a 13 de Dezembro, são presos os Marqueses de Távora, o Duque de Aveiro e mais 
algumas pessoas.  
 São barbaramente torturados e mandados decapitar.
 O Marquês acusa ainda os jesuítas de implicação no acto. Expulsa-os do país em 1759. 
 Em 1760 é introduzida a cultura da batata em Portugal.
 Em 1761 o jesuíta Malagrida é queimado em auto de fé.
 Abatida a nobreza e os jesuítas que lhe faziam frente, Sebastião José pode governar 
como senhor absoluto através da figura, pouco mais que virtual, do rei.
 Senhor de todo o poder trata do progresso do país. Reforma a Universidade de 
Coimbra, reorganiza a instrução pública, a Junta de providência Literária para dar pareceres sobre 
o estado das Artes e Ciências, institui o subsídio Literário, retira os poderes de Exame prévio 
à Inquisição, cria a Real Mesa Censória da qual passa a depender o ensino, cria a Aula 
do Comércio, o Colégio dos Nobres, a Imprensa Régia e o Erário Régio. Toma medidas a 
favor da agricultura, do comércio e da indústria. Funda as companhias dos Vinhos de Alto 
Douro, do Grão-Pará, Maranhão e de Pernambuco e Paraíba. Cria fábricas de tecidos, chapéus, 
vidros, louças, limas, papel, relógios, refinarias de açúcar, cordoaria, camurça, pelicas, 
pergaminhos, cal. Reorganiza o exército com a ajuda do conde de Lippe.
 Em 1763, o Brasil é elevado a 
Vice-Reino. A capital muda de S. Salvador da Baia para o 
Rio de Janeiro.
 Em 1769, a população portuguesa ainda não atinge os dois milhões e quinhentos 
mil habitantes.
 O Marquês de Pombal é influenciado por homens notabilíssimos, como António Nunes 
Ribeiro Sanches (1699-1782), nasceu em Penamacor. Escreveu vários livros entre os quais 
"Cartas sobre a Educação da Mocidade". 
 Outro vulto eminente do século XVIII é Luís António Verney, nasceu em Lisboa 
(1713-1792), escreveu o "Verdadeiro Método de Estudar para Ser Útil à República e à Igreja". 
Foi um dos mentores do Marquês na sua reforma pedagógica. Salientam-se ainda D. 
António Caetano de Sousa, Pedro Correia Garção, Machado de Castro, Cruz e Silva, Domingos Reis Quita. Reis 
Lobato publica "Arte do Tratado de Ortografia" e Frei Luís de Monte Carmelo publica uma 
Gramática de Língua Portuguesa.
 
 D. MARIA I - A PIEDOSA
 (reinou de 1777 a 1816)
 
 Logo que D. Maria I subiu ao poder, o Marquês de Pombal foi desapossado de todos os 
seus cargos e desterrado para Pombal. As portas das prisões foram abertas. Deu-se a 
chamada ressurreição dos mortos. Largas centenas de presos estiveram mais de vinte anos na prisão.
 Neste primeiro período, vulgarmente conhecido por 
Viradeira, concerta-se a paz com a Espanha, continua a reorganização do exército, o pagamento de compromissos externos, 
o equilíbrio da economia, providencia-se pela liberdade religiosa e a moralização da 
vida monástica.
 A marinha conhece um período de grande expansão devido à superior orientação do 
Secretário de Estado da Marinha e dos Negócios do Ultramar, Martinho de Melo e Castro. É criado 
o Almirantado e edifica-se a Cordoaria Nacional que abastecia o cordame para os navios. 
O pólo de desenvolvimento da cordoaria passará mais tarde para Cortegaça, Esmoriz e 
Espinho com a consequente exportação para o estrangeiro.
 Criaram-se ainda muitas fábricas por todo o país. Os cuidados com a Assistência e a 
Instrução aumentam: é criada a Casa Pia de Lisboa (1780), dirigida pelo Intendente Pina Manique, 
foi talvez a primeira Universidade Popular com colégios no estrangeiro: Belas-Artes em 
Roma; Medicina, em Edimburgo; Obstetrícia, na Dinamarca. Infelizmente, as Invasões 
Francesas vieram travar esta fabulosa ideia de dar aos mais carenciados a mesma qualidade de vida 
que aos abastados e recolher aí as inteligências que mais sobressaíssem para o progresso do 
país e a bem da humanidade.
 A Pina Manique se deve a criação da primeira Polícia do país, a iluminação pública de 
Lisboa, o cultivo de muitas terras desaproveitadas e a criação de escolas agrícolas. 
 São criadas as primeiras escolas femininas (1790).
 Foi criada a Academia Real das Ciências por conselho do Abade Correia da Serra e do 
Duque de Lafões; a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho que viria, mais tarde, a 
dar origem à Escola do Exército; a Real Academia da Marinha, a Academia do Nu onde 
Vieira Lusitano foi um dos expoentes. É publicado o Dicionário de Língua Portuguesa de Morais 
da Silva e criada uma aula de Diplomática na Universidade de Coimbra. 
 São construídos o Palácio de Queluz e a Basílica da Estrela 
 É criada uma Junta para codificar toda a legislação. São publicadas leis que protegem os 
mais desfavorecidos e um diploma que defende os pescadores de Vila do Conde contra 
as arbitrariedades dos senhores, ao mesmo tempo que acaba com a contribuição do 
maneio (contribuição industrial).
 
O Brasil começa a sentir necessidade de se tornar independente.
 É preso o poeta Tomás António Gonzaga e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, 
é enforcado. É a "Inconfidência ou Conjuração Mineira."
 Neste reinado nasceu um dos maiores poetas portugueses, Manuel Maria Barbosa du 
Bocage (1765-1805), a sua veia irreverente e satírica causou-lhe sérios problemas ao desrespeitar 
o rei e a Igreja. Foi preso às ordens do infame Tribunal do Santo Ofício. Nunca mais voltou a ser 
o mesmo. Os seus sonetos são verdadeiros hinos de beleza e perfeição. José Anastácio 
da Cunha é de tal modo torturado pelo Santo Oficio, que morre pouco depois. Filinto 
Elísio (Francisco Manuel do Nascimento) tem de fugir para França onde vai viver com 
grandes dificuldades. 
 A Inquisição ou Santo Ofício excedia-se em barbaridade, ignorância e 
malvadez. Quando não apanhavam as vítimas, em vida, exumavam os cadáveres dos perseguidos, 
julgavam-nos e queimavam-nos em autos-de-fé. 
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