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 O PROMONTÓRIO DE SAGRES
 
 Perto do promontório de Sagres, o cabo de S. Vicente é um "navio" sempre pronto a 
entrar mar dentro. O infante D. Henrique, Grão Mestre da Ordem de Cristo, mandou edificar, 
na orla marítima, uma escola de 
navegação onde ensinaram os melhores matemáticos 
e cosmógrafos estrangeiros. Estes, e alguns portugueses versados na arte de navegar 
estudaram e aprofundaram os conhecimentos através das cartas de marear. 
 D. Henrique funda um observatório 
astronómico (para determinar a posição relativa 
dos astros, o que era fundamental para a navegação). Foram criados estaleiros para a 
construção de navios e, todos os anos era lançada à água uma caravela. (embarcação, 
relativamente pequena e de velas latinas ou seja, de forma triangular) Era sempre capitaneada por 
um cavaleiro ou escudeiro ao serviço de D. Henrique.
 Foi com estes pequenos barcos que, desde 1415, os portugueses, incentivados pelo 
infante, sulcaram e acalmaram os mares. Em 1418 João Gonçalves Zarco, o comandante das 
caravelas que guardavam as costas do Algarve contra os ataques dos mouros, e Tristão Vaz 
Teixeira, descobrem a ilha do Porto Santo. Em 1419 o mesmo João Gonçalves Zarco e 
Bartolomeu Perestrelo, descobrem a Madeira que D. Henrique dividiu em capitanias e entregou 
aos descobridores.
 Em 1425 começa a colonização do Porto Santo e da Madeira, sendo aí introduzida, 
poucos anos depois, a cultura da cana do açúcar. A exportação para a Europa, nos finais do 
século XV, já atingia as trezentas mil toneladas. 
 Em 1427 reúnem-se Cortes em Santarém. Os prelados insistem na revogação do 
Beneplácito Régio imposto no reinado de D. Pedro. D. João I recusa o pedido.
 O bom senso, a inteligência e a cultura pontificam neste reinado. Não nos podemos esquecer que D. João fora educado para ser Mestre da Ordem de Aviz. Isso significava que ele tinha de ser o melhor em tudo. Por isso apesar das lutas iniciais e dos 
trabalhos de consolidação das estruturas do país, o rei ainda tem tempo para escrever o "Livro 
de Montaria" onde indica as regras de como se deve proceder numa caçada. Ordena a compilação da Crónica Breve do Arquivo Nacional. E manda traduzir o Novo Testamento.
 A Expansão continua com a descoberta de parte dos Açores por Diogo de Silves em 
1427. Em 1432 Gonçalo Velho aporta às ilhas de Santa Maria e S. Miguel. Diogo de Teive chega 
às ilhas mais ocidentais.
 
 
 D. DUARTE  - O ELOQUENTE
 (reinou de 1433 a 1438)
 
 As navegações continuaram sob o impulso do Infante. Gil Eanes, em 1434, ultrapassa o 
Cabo Bojador (Sara Ocidental). O mesmo Gil Eanes e Afonso Baldaia atingem o Rio do Ouro e 
a Pedra da Gata  (mais a sul do Cabo).
 Foi breve e pouco feliz o reinado deste homem culto. Preocupado com o estudo e o ensino 
do bem, escreveu o "Leal Conselheiro" e a "Ensinança de Cavalgar Toda a Sela" (foi o 
primeiro, que no mundo, escreveu sobre equitação). Teve o azar de, no seu reinado, a peste, de 
que havia de morrer, se espalhar por quase todo o território, daí resultou fome e miséria.
 D. Duarte quis obviar esta situação fazendo publicar "A Lei Mental". Deu-lhe este 
nome porque o pai já a trazia em mente e algumas vezes a aplicou. Destinava-se a corrigir 
a generosidade com que D. João I recompensara os serviços dos fidalgos, que auxiliaram a 
sua causa na guerra contra Castela. D. Duarte mandou regressar à coroa todos os bens doados 
na falta de herdeiro varão.
 D. João I tinha sido um mãos largas para aqueles que o ajudaram a conquistar o trono. A 
D. Nuno Álvares Pereira deu quase metade de Portugal. Quando viu que a sua liberalidade 
tinha sido um exagero e que assim não conseguiria governar o país, pensou como devia corrigir 
a situação. É daqui que vem o nome ao diploma.
 Com Nuno Álvares Pereira, o rei usou de um estratagema para fazer regressar as terras 
à coroa, sem melindrar o Condestável; fez casar o seu filho bastardo D. Afonso, 3º conde 
de Barcelos, com D. Beatriz, filha única de  Nuno Álvares. 
Ficou criada a poderosa Casa de 
Bragança, mas com fortes ligações à coroa. 
 D. Duarte, rei previdente e culto, teve a sensibilidade de 
convidar Fernão Lopes (1380-1459) para guarda das escrituras régias e cronista-mor do Reino. Fernão Lopes escreveu 
as crónicas (narrações históricas) de D. Pedro I, D. Fernando I e D. João I, que são 
verdadeiros monumentos históricos de verdade, objectividade e isenção.
 O final do curto e triste reinado de D. Duarte termina pouco tempo depois do desastre 
de Tânger. Os portugueses, além da Expansão marítima, começaram a pensar em se 
estender pelo Norte de África a fim de evitar os constantes ataques dos mouros daquelas 
paragens. Uma das praças que pensaram conquistar foi Tânger. A expedição não teve sucesso. 
Foram derrotados e a maioria feita prisioneira. Aqui ficou cativo D. Fernando, irmão do rei, que 
os mouros pretenderam trocar pela praça de Ceuta. As Cortes não o permitiram e D. 
Fernando morreu no cativeiro com o epíteto de santo, pelos martírios que aí passou. D. Duarte 
não resistiu à dor e a peste tomou conta dele. 
 A glória do mundo não poupa reis, nem presidentes, nem milionários, nem 
miseráveis. Todos iguais ao nascer e ao morrer. O homem ainda não entendeu a mensagem.
 
 
 D.AFONSO V - O AFRICANO
 (reinou de 1438 a 1481)
 
 Quando D. Duarte morreu, D. Afonso tinha somente seis anos e, pelo testamento, 
ficaria regente a rainha D. Leonor de Aragão, sua mãe. O povo e os mesteirais (os artífices) 
opuseram-se e declararam D. Pedro, irmão do rei, regente do reino.
 D. Pedro, o das Sete Partidas, era um homem viajado e muito culto. Escreveu o livro "Da Virtuosa Benfeitoria" 
e traduziu o "De Officis" de Cícero. Publicou as 
"Ordenações Afonsinas". 
É a mais antiga compilação das leis 
portuguesas.  Tinham por matriz o Direito Romano e o 
Canónico. Tiveram como fim juntar e ordenar a enorme quantidade de leis que andavam dispersas.
 Em 1434, alguns alunos universitários preferem transferir-se da Universidade 
portuguesa para Paris, Oxford e Bolonha. D. Pedro obriga-os a repor o dinheiro que o Estado já 
tinha gasto com eles.
 A expansão marítima continua.
 Em 1441, Gil Eanes e Afonso Baldaia chegam ao Cabo Branco. Em 1443, Nuno 
Tristão descobre a ilha de Arguim.
 A filha de D. Pedro casa com  D. AfonsoV. Logo que este se encontrou preparado 
para reinar D. Pedro deixou a Corte e foi para o seu ducado de Coimbra. 
 Em 1446, D. Afonso V toma conta do governo. Passado algum tempo, começam as 
intrigas da Corte. Acusam D. Pedro de o querer afastar do trono. Este, dirige-se com um 
pequeno exército à corte, para desfazer mal-entendidos; o rei não compreendeu isso e, com um 
forte exército, ataca o sogro. D. Pedro e muitos dos seus companheiros morrem ingloriamente 
na infeliz batalha de Alfarrobeira.
 Em 1451 é decretada uma Pragmática (regulamento), a pedido dos procuradores 
dos Concelhos, a proibir o luxo com que alguns se exibiam e era afronta para outros que 
nada tinham.
 Em 1452, Diogo de Teive monta uma fábrica de açúcar na Madeira.
 Em 1453 os turcos tomam Constantinopla. Este facto foi considerado tão importante 
que, nesse ano, se decidiu marcar a transição da Idade Média para a Idade Moderna. 
 Depois da conquista de Constantinopla, os papas Nicolau V e Calisto III apelam a uma 
nova Cruzada. D. Afonso V prepara um exército de 12.000 homens mas, como a cruzada não 
se chegou a realizar, o rei aproveitou-os para fazer incursões ao Norte de África. 
Conquistou Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger.
 Na Escola de Sagres continua-se a estudar afincadamente; aprofunda-se o conhecimento 
de uma náutica astronómica para permitir a navegação longe da costa, a chamada 
navegação oceânica e conhecer ao mesmo tempo a posição dos navios em alto mar. 
 Os navegadores possuíam roteiros. Aperfeiçoaram a balestilha, o astrolábio e o quadrante
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