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 Damião de Góis era um homem inteligente e cultíssimo que estava demasiado avançado 
para o seu tempo. Mesmo trabalhando para o rei e para o cardeal D. Henrique, Damião de 
Góis, aos setenta e dois anos foi preso e torturado pela Inquisição devido às suas ideias.
 D. Jerónimo 
Osório, nasceu em Lisboa (1506-1580). Homem de cultura superior. 
Escreveu a Crónica de D. Manuel. Foi o encarregado de educação de D. António, prior do Crato.
 A infanta D. Maria, mulher de vastos conhecimentos, soube reunir à sua volta um 
conjunto de mulheres de larga cultura e inteligência, como 
Paula Vicente (filha de Gil Vicente)  e Publia 
Hortênsia de Castro. Hortênsia de Castro, nasceu em Vila Viçosa, frequentou a Universidade de 
Coimbra vestida de homem. 
 Vasco Fernandes, conhecido por Grão Vasco, pintor viseense que deslumbra pela arte e 
cor dos seus painéis e do conjunto dos seus trabalhos. 
 D. João III muda definitivamente a Universidade de Lisboa para Coimbra e fornece-a 
dos melhores mestres portugueses e estrangeiros. 
 Conhecedor que Inácio de Loiola tinha fundado a Companhia de Jesus e nela pontificavam 
os mais eminentes mestres daquele tempo, procurou de imediato arregimentar o maior 
número de Jesuítas.
 Vieram Francisco Xavier, Simão Rodrigues de Azevedo e Paulo Camarte. Francisco 
Xavier partiu para a Índia. Simão Rodrigues lançou em Portugal as bases da Companhia.
 Enviou outros a missionar no Brasil onde a sua acção foi determinante para o 
desenvolvimento harmonioso do país. Aí pontificaram homens como Manuel da Nóbrega, José de 
Anchieta, Leonardo Nunes, Vicente Rodrigues, Diogo Jácome.
 Em Portugal, os jesuítas fundam colégios em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Braga, 
Bragança, Santarém, Setúbal, Portalegre, Funchal, Angra, S. Miguel e Faial. Passam a dirigir 
a Universidade de Évora que tinha sido fundada em 1551 pelo cardeal D. Henrique. Aqui e 
em Braga, lecciona latim, grego, hebraico, um dos mais famosos humanistas da Europa: o 
flamengo Nicolau Clenardo.
 D. João III não esquece a expansão ultramarina. Depois dos primeiros anos de 
experiência com as capitanias do Brasil, o rei chegou à conclusão de que havia necessidade de uma 
maior unidade. É enviado Tomé de Sousa como primeiro Governador Geral (1549-1553). 
Estabelece a capital em S. Salvador e projecta a cidade do Rio de Janeiro.
 O Império é imenso. A gente muito 
pouca. O Norte de África é o grande sorvedouro 
de gente e de dinheiro. D. João III resolve abandonar Alcácer Ceguer, Arzila, Azamor e Safim.
 Em 1550, D. João III, pede ao Papa Júlio III que permita que o Grão-Mestre da Ordem 
de Cristo seja sempre o rei ou um dos seus filhos.
 O Tesouro imenso dos 
Templários: ouro e jóias preciosas, desaparece misteriosamente 
num recanto de Portugal. Aquilo que fica para manter as aparências não chega para continuar 
com gastos e expedições.
 As relações entre portugueses e chineses são tão amistosas que Macau nos é entregue para 
aí se estabelecer uma feitoria que, para além das relações comerciais, seja capaz de 
defender aquelas costas dos ataques dos piratas. Entre 1557 e 1685, Macau era o único porto por 
onde os europeus podiam negociar a seda, a porcelana e outros produtos, graças à diplomacia, 
à firmeza, à afabilidade e à inteligência dos portugueses.
 
 D. SEBASTIÃO - O DESEJADO
 
 (reinou  de 1568 a 1578)
 
 D.      João III, apesar de ter seis filhos varões, nenhum lhe sobreviveu e só um, também 
João, deixou um filho póstumo, D. Sebastião. 
 Estas mortes e taras dos filhos de reis e príncipes podem explicar-se pelos 
sucessivos casamentos entre familiares muito próximos.
 D. Sebastião tem menos de quatro anos quando sucede ao avô. Enquanto não atinge 
os dezasseis anos governa a rainha viúva D. Catarina e o tio-avô, o cardeal D. Henrique.
 O jovem rei teve uma esmerada educação. Foi seu aio D. Aleixo de Meneses, filho do Conde 
 de Cantanhede e preceptor o padre Luís Gonçalves da Câmara.
 O rei era um sonhador a quem os conselheiros não conseguiam influenciar. A sua ideia 
de reconquistar as praças deixadas pelo avô e abater os inimigos da fé tornaram-se uma 
obsessão. É de uma temeridade só própria dos cavaleiros da Idade Média. 
 Em 1574, visita disfarçado Ceuta e Tânger sujeito a ser reconhecido e morto. 
Os conselheiros eram severos nas advertências mas ele, teimoso e fanático, continuou a insistir no erro até lhe ser fatal a obstinação.
 No Brasil, em 1575, são atribuídos os primeiros graus académicos no real colégio da Baía.
 O rei sabe que os príncipes moiros andam em guerra uns com os outros. Ele julga o 
momento oportuno. D. Miguel de Meneses insiste para que não vá antes de deixar ao país seis ou 
sete filhos. O Cardeal D. Henrique recusa-se a ficar com a regência do reino para ver se lhe tira 
da cabeça tamanha insensatez. D Sebastião não quer ouvir conselhos. Obtém a aprovação 
do Papa para esta guerra; Filipe II de Espanha, depois de o tentar dissuadir da empresa, 
oferece-lhe cinquenta Galés com cinco mil soldados e a mão da filha. D. Sebastião leva toda a 
nobreza com ele. Fica a governar o país uma Junta presidida pelo arcebispo de Lisboa.
 A 4 de Agosto de 1578 dá-se o desastre que irá atrasar o progresso, o desenvolvimento e 
a prosperidade de Portugal. Perdemos a batalha de Álcacer-Quibir e vão-se abater, sobre 
os portugueses, todas as calamidades. 
 
 
 CARDEAL D. HENRIQUE - O CASTO
 (reinou de 1578 a 1580)
 
 D. Henrique era filho de D. Manuel e, portanto, irmão de D. João III. Foi arcebispo de 
Braga e de Évora. Nunca pensou ser rei, mas por duas vezes foi chamado a dirigir o país. Da 
segunda pediu ao papa que o dispensasse das ordens para poder casar e dar um sucessor a Portugal. 
O papa não consentiu e ele aceitou os humores do Sumo Pontifice. 
 Como um mal nunca vem só, depois da derrota de Álcacer-Quibir, Portugal foi assolado 
por epidemias devastadoras, seguindo-se a fome, as intrigas e a traição.
 Ao trono português aparecem vários pretendentes: Filipe II de Espanha, neto de D. Manuel. 
 D. Catarina, Duquesa de Bragança, neta de D. Manuel, por via masculina.
 D. António, Prior do Crato, filho bastardo de D. Luís e de Violante Gomes, a Pelicana. 
D. Luís foi o quarto filho de D. Manuel.
 O Duque de Sabóia, o Príncipe Rainúncio de Parma e Henrique III de França. 
 De todos os pretendentes, a Duquesa de Bragança seria a herdeira legítima, mas nem 
D. António concordou, nem Filipe II, que mandou para Portugal, Cristóvão de Moura, com 
a finalidade de comprar os opositores.
 D. Henrique tenta entregar o trono a Filipe II de Espanha por ser neto materno de D. 
Manuel I. Filipe era filho do imperador Carlos V, (I de Espanha) e da Infanta portuguesa D. Isabel. 
Os conselheiros opõem-se. Reúnem-se as cortes de Almeirim para solucionar o problema.
 Febo Moniz (Procurador de Lisboa às cortes de Almeirim) demonstra que Filipe II não 
serve ao país mas, a nobreza e o clero votam a favor de Filipe 
II. Os Procuradores do povo não concordam e juram solenemente: "morrerem todos antes de obedecerem ao rei de 
Castela". Foi o que mais tarde aconteceu. Felipe II mandou encarcerar Febo Moniz e todos aqueles 
que se lhe tinham oposto.
 D. Henrique morre sem sucessor e amaldiçoado pelo povo que não lhe perdoa ele ter 
querido entregar o trono aos espanhóis. Nos seus funerais ouve-se por todo o lado:
                         Que viva el-rei D. Henrique
           No inferno muitos anos
           Pois deixou em testamento
           Portugal aos 
castelhanos. 
 
 Ainda D. Henrique está quente no seu catre e já Cristóvão de Moura informa Filipe II. 
Este envia o Duque de Alba, que à frente de um forte exército toma Elvas.
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