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             raia, chega a 12 de Janeiro de 1384,  com um forte exército. Algumas terras  hesitam em 
o combater porque muitos fidalgos tinham tomado o partido de D. Beatriz. Eles punham 
o compromisso de honra, de serem fieis ao rei, acima do dever inalienável de defender a 
Pátria. O rei recebe D. Beatriz, que na altura tem 10 anos e lhe está prometida. Leva-a para casar 
aos 12, como era norma naquele tempo. 
             Os Castelhanos cercam Lisboa, por terra e mar, durante sete meses. D. João está sitiado 
em Lisboa, mas  recebe a noticia que o Porto o apoia incondicionalmente. Lisboa resiste. 
Um surto de peste dizima as hostes inimigas. A  rainha D. Beatriz é atacada pelo mal. O 
inimigo levanta o cerco.
             No Alentejo, os castelhanos, são esperados por Nuno Álvares Pereira que experimenta 
a táctica inglesa de dispor as tropas em quadrado. Estamos a 6 de Abril de 1384. Os 
invasores são totalmente derrotados na batalha de Atoleiros.
 
 DINASTIA DE AVIS OU JOANINA
 D. JOÃO I - O DE BOA MEMÓRIA
 1357-1433
 (reinou de 1385 a 1433)
 Reúnem-se as Cortes em Coimbra, em Março de 1385, nas quais se destacam  Martim 
Afonso e João das Regras. Este demonstrou que o único pretendente válido e legítimo à 
coroa portuguesa era D. João, Mestre de Avis, eliminando D. Beatriz, o rei de Castela e dois 
filhos de Inês de Castro por terem combatido contra Portugal.
 Foi criado o Conselho do Rei, composto por dez membros, escolhidos em todas as classes.
 D. João I é aclamado rei em 6 de Abril de 1385.
 Empossado como rei,  a sua primeira tarefa foi organizar a defesa 
do país. Com uma rara perspicácia nomeou Nuno Álvares Pereira, Condestável do reino.
 D. Nuno percorre o país e pacifica algumas terras onde os fidalgos apoiam D. Beatriz. 
 Os actos de valentia sucedem-se um pouco por todo o lado. Em Trancoso, o alcaide 
Gonçalo Vasques derrota tropas castelhanas muito numerosas.
 O rei de Castela não desiste. O reino pertence, por testamento, a sua mulher, D. Beatriz.
 Nos princípios de  Julho de 1385 entra em Portugal, ocupa Celorico e dirige-se para 
Lisboa com um exército de 35.000 homens.
 D. João I está no norte, Nuno Álvares no sul; combinam encontrar-se  perto de Tomar. 
Eles sabem que daquele combate depende a liberdade de todo o país. Chegam a Porto de 
Mós. Nuno Álvares, depois de estudar muito bem os terrenos próximos, resolve dispor as 
tropas em quadrado, preparadas para o combate, perto de Aljubarrota. 
 D. João promete construir um mosteiro caso vença a batalha. Nasce assim o mosteiro 
de Santa Maria da Vitória ou mosteiro da Batalha. É em estilo gótico e obra de mestre 
Afonso Domingues. O gótico desenvolve-se entre os séculos XII e XV e tem como elementos predominantes o arco ogival, a abóboda de nervuras e nas fachadas aparecem a representação de esculturas de reis, anjos, santos e figuras fantáticas.
 A batalha de Aljubarrota dá-se a 14 de Agosto de 1385. São 7000 homens contra 35000. Os castelhanos minimizam o adversário. A 
desproporção era tal que eles se pensaram vencedores antecipados. Não obedecendo ao rei de Castela, 
que desejaria estudar melhor a situação, os cavaleiros castelhanos lançam-se para 
terreno "conquistado" . Acabam por cair nos fossos, covas-de-lobo ou ficar espetados nas lanças portuguesas e de tal modo 
dizimados que, ao fim de pouco tempo, os que puderam escapar à heróica valentia dos 
portugueses, fogem como loucos.
 De atacados, os portugueses passam a atacantes. Nuno Álvares Pereira comete a ousadia 
de os perseguir e mais uma vez os derrotar na batalha de Valverde (a poucos quilómetros 
de Mérida).
 Em 1386, D. João, pelo Tratado de Windsor, renova a Aliança - Inglesa.
 Em 2 de Fevereiro de 1387 casa com D. Filipa de Lencastre. Esta união vai conceber a 
Ínclita Geração (geração ilustre), formada pelos filhos que tanto contribuíram para o 
engrandecimento de Portugal. 
 Em 1393 e 1398 há ainda algumas escaramuças, com vantagem para os portugueses, 
que chegam a ocupar Badajoz e Tui.
 Em 1404, Giovanni di Palma obtém autorização para explorar uma plantação de cana 
de açúcar no Algarve.
 Em 1411 é concedido o primeiro alvará para um engenho de papel em Leiria, nas margens 
do rio Liz. 
 Em 31 de Outubro é assinado um Tratado de Paz e Aliança perpétua entre Portugal e 
os reinos de Castela.   
 
 OUTRA MENTALIDADE
 
 Como já referimos, muitos fidalgos, ajuramentados à palavra dada, seguiram aquela 
que, pensavam eles, devia ser a rainha. Mas só o povo tem o cheiro da terra e lhe sente o 
sabor. Dói-lhe. É ele que a trabalha. Foi ele que impôs a sua vontade.
 D. João I viu-se confrontado com esta situação e cria uma nova nobreza a partir dos 
homens que defenderam a nação: os legistas, os homens de ciência e aqueles que demonstraram 
coragem na defesa da Pátria.
 Os filhos do rei salientam-se em qualidades. D. Henrique       ( nasce no Porto, 
1394-1460) sonha com o mar e com as terras que ele devia esconder. A partir de 1412, e armadas à 
sua custa, partem expedições que vão além do cabo 
Não. Os marinheiros estavam 
convencidos que para além deste Cabo seria impossível navegar por causa do calor  do Sol 
tropical impedir o desenvolvimento da vida naquelas paragens.
 Pacificado o reino, os infantes e os homens de armas mostram-se inquietos e 
pretendem combater os mouros.
 D. João I, ouvidos vários pareceres e com a concordância da Igreja, resolveu que a praça 
a atacar seria Ceuta já que o reino mouro de Granada estava destinado para o rei de Castela 
e ele não  queria entrar em conflito com ele. (Este reino só foi conquistado em 1480, 
dando forma à Espanha dos nossos dias.)
 D. Filipa de Lencastre morre, de peste, no momento em que os combatentes partem para o norte 
de África. A 21 de Agosto de 1415 é conquistada Ceuta. 
 Faço aqui uma chamada de atenção para um dos aspectos da conquista de Ceuta: além 
de combater os infiéis e espalhar a fé cristã, houve outras ideias subjacentes e não 
menos importantes para desencadear aquela empresa:
 Com Ceuta ocupávamos uma posição estratégica entre o Mediterrâneo e o Atlântico e 
podíamos combater com maior eficiência os piratas que constantemente saqueavam as costas 
marítimas do Algarve e Alentejo, atacavam as pequenas embarcações e faziam dos cativos escravos.
 Em Ceuta, o infante D. Henrique decifrou o sonho da missão dos portugueses: 
dar novos mundos ao mundo.
 É o princípio de todas as aventuras ultramarinas.
 Aceita o testemunho dos monges guerreiros que tinham sabido retirar, de França, 
grande parte do Tesouro dos 
Templários e entregá-lo a D. Dinis com a promessa da fundação 
da Ordem de Cristo, a cujo 
Grão-Mestre seria confiada a guarda e o segredo do local onde 
a fabulosa riqueza foi colocada.
 Entre 1319 e 1416 a Ordem de Cristo tinha-se preparado para a expansão da fé num 
outro mundo que os seus conhecimentos secretos sabiam existir para além do mundo conhecido. 
A Ordem desenvolve o estudo da ciência náutica.
 Em 1416, D. Henrique, depois de 
iniciado, é o escolhido para 
Administrador e Governador  da Ordem. Senhor da fortuna imensa que 
o Tesouro dos Templários lhe proporciona, vai pôr em 
marcha um plano, já muitas vezes estudado mas não concretizado por falta de iniciados 
(chama-se iniciado aquele que aprende certos segredos ou práticas de uma Ordem ou Seita), com 
as características que a Ordem impunha.
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