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 Reúne-se de urgência o Conselho de Estado, em Setúbal. Os Governadores do Reino, 
tal como Judas, estavam vendidos a Filipe II, que pagara sete mil ducados a cada. Nada 
se decide.
 Em Santarém, o Bispo da Guarda propõe que D. António seja proclamado Defensor 
do Reino. Por todo o lado se ouve: "Real, real, por D. António, Rei de Portugal".
 D.      António é aclamado em Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra, Braga, Bragança. 
Os Governadores vendidos, fogem para Castela.
 D. António, durante um mês, toma conta do Reino, cunha moeda e administra. O Duque 
de Alba, estuda a melhor estratégia, conta com alguns traidores. A 16 de Julho de 1580 
toma Setúbal, a 21 cerca Lisboa. No dia 25, D. António prepara-se para lhe dar combate com 
um exército de 8000 homens, mal armados e sem experiência de guerra, mesmo assim, a 
primeira investida dos espanhóis é rechaçada. Recuperado da reacção inesperada, o Duque de 
Alba com 23000 homens, bem equipados e só preparados para fazer guerra, vencem a batalha 
de Alcântara.
 D.      António foge. Portugal submete-se. O Duque de Alba fica a governar Portugal. Só 
a ilha Terceira resistiu por mais algum tempo.
 O período mais negro e mais triste da história de Portugal tinha começado. Foi uma 
amarga lição que ficou gravada, eternamente, na memória dos portugueses.
 A falta de lucidez de um jovem príncipe e a traição de alguns portugueses, vendidos 
aos castelhanos, quase amortalharam o país.
 Com a Pátria morre também a maior glória nacional, Luís de Camões (1524-1580) começa 
os Lusíadas na prisão, sai para a Índia onde se bate em várias expedições militares, segue 
para Macau onde deve ter acabado o poema. Publica os "Lusíadas" em 1572. O rei D. 
Sebastião outorga-lhe uma tença de quinze mil - réis anuais, que não devia ser suficiente, para 
este homem de génio e cultura superior, cujos sonetos são de beleza ímpar e o poema épico, 
"os Lusíadas", o cântico espiritual que anima e identifica este povo. Morre doente e na 
mais completa miséria, a 10 de Junho de 1580.
 É publicado o livro "Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto, tinha sido 13 vezes cativo e 17 vendido. Os feitos 
tão fantásticos, embora verdadeiros, que os amigos, quando o chamavam, gracejando, 
diziam: Fernão, mentes? Minto.
 
 
 OCUPAÇÃO DE PORTUGAL
 
 DINASTIA FILIPINA
 OS FILIPES DE ESPANHA
 
 FILIPE II, (1580 a 1598);  FILIPE III, (1598 a 1621); 
  FILIPE IV, (1621 a 1640).
 
 
 Filipe II de Espanha chega a Elvas a 5 de Dezembro de 1580 e a Tomar em 16 de Março 
de 1581 onde reúne Cortes. Promete tudo: serão respeitados os foros (as quantias pagas ou 
as imunidades. Os foros eram também os lugares onde se reuniam as assembleias do povo), 
as leis, liberdades, privilégios, usos e costumes dos portugueses. Os cargos políticos, 
eclesiásticos e judiciais só serão dados aos naturais do Reino; as relações com a África e a Índia 
serão mantidas com navios de Portugal, tripulados por portugueses. Será cunhada moeda com 
as armas de Portugal; as guarnições militares serão todas constituídas por portugueses. 
 A união à Espanha toma a configuração de uma Monarquia dualista.
 Filipe II manda reformar as Ordenações Manuelinas. São publicadas as 
Ordenações Filipinas com poucas alterações às anteriores.
 Portugal, ao perder a liberdade, perdeu o ânimo para enfrentar os piratas ingleses e 
holandeses que deixavam os barcos portugueses ir abastecer-se de mercadorias ao Oriente para depois 
os atacarem e ficarem com as valiosas cargas. O descalabro do comércio marítimo foi total. 
 Perante as reclamações dos mercadores portugueses, Filipe, organiza a Invencível 
Armada, com mais de trinta mil homens. Transportavam-se em cento e trinta pesados navios e 
levavam duas mil e quatrocentas peças de artilharia. 
 A rainha inglesa, Isabel, ordena a mobilização geral de todos os barcos disponíveis. Na 
altura desencadeia-se uma enorme tempestade que separa os barcos e, entre o nevoeiro, a 
chuva intensa e a desorientação geral, os pequenos barcos ingleses atacam, destroem e  
afundam mais de metade da Invencível Armada. 
 Entretanto, é nomeado vice-rei da índia, Matias de Albuquerque, que consegue defender 
algumas das nossas zonas de comércio da cupidez das outras nações.
 Perante um Estado sem dinheiro, produções agrícolas insignificantes, uma frota 
marítima débil, os holandeses e os ingleses saqueiam e tomam tudo quanto podem. A Holanda fica 
com o arquipélago Malaio, Ceilão, Malaca e algumas feitorias em terras do Japão. Funda 
a Companhia das Índias Orientais e desapossa-nos de todo o comércio. Os ingleses 
tomam-nos Ormuz. Franceses e holandeses atacam os portos e as cidades brasileiras onde 
pudessem saquear com menos resistência dos residentes. É o descalabro de um país que tinha 
descoberto dois terços do mundo desconhecido.
 A Holanda, a França e a Inglaterra aumentam os seus domínios coloniais à custa do 
esforço português.
 O corsário inglês, Francis Drake, saqueia toda a costa Algarvia e a costa Brasileira.
 Filipe II deixa de cumprir as promessas feitas nas Cortes de Tomar. Sucede-lhe o filho 
Filipe III que fez pior: contrariamente ao que tinha ficado acordado nas Cortes de Tomar, 
nomeou uma Junta de funcionários espanhóis para fiscalizar as contas portuguesas e designou 
cinco ministros, também espanhóis, para o Conselho de Portugal, reconfirmou Cristóvão de 
Moura, que tinha sido feito Marquês de Castelo Rodrigo, como vice-rei de Portugal, e deixou que 
a situação do país se agravasse. Em Espanha fez o mesmo: delapidou o tesouro e entregou 
o Governo ao duque de Lerma. 
 Sucedeu-lhe Filipe IV. Este saiu ao pai. Entregou o Governo de Espanha ao conde-duque 
de Olivares e nomeou como vice-rainha de Portugal a Duquesa de Mântua que, incapaz de 
fazer fosse o que fosse, mais uma vez se iria servir de um traidor português: Miguel de Vasconcelos. 
 Em 1622, os judeus são proibidos de serem professores na universidade de Coimbra.
 O país está empobrecido e humilhado. Os espanhóis não compreendem que estão a 
exagerar e exigem, pedem mais impostos para fazer face à guerra dos Trinta-Anos (guerra 
político religiosa de 1618 a 1648 que envolveu a Casa de Áustria, da qual faziam parte os Filipes, 
a Dinamarca, a Boémia, a França etc).
 Os portugueses estão desesperados. Principiam os motins. Em Évora começam a 
aparecer incitamentos à revolta, assinados pelo Manuelinho de Évora. 
 Para acabar de vez com as veleidades portuguesas, nada melhor que aumentar 
impostos, recrutar gente para a guerra com a Catalunha e, finalmente, integrar Portugal como 
uma simples província espanhola.
 A 12 de Outubro de 1640 forma-se uma 
Junta para acabar com o domínio Filipino. 
Compõem-na D. Antão de Almada, João Pinto Ribeiro e Pedro Mendonça que é encarregue de falar 
com o D. João, Duque de Bragança. Este hesita. Consulta a mulher, D.Luísa de Gusmão, que era espanhola e 
fica célebre a sua frase: "vale mais ser rainha uma hora do que duquesa toda a vida".
 As mulheres dão o exemplo. D. Filipa de Vilhena e D. Mariana de Lencastre arriscam o 
seu próprio sangue: armam os filhos cavaleiros e incitam-os a combater.
 No dia 1 de Dezembro de 1640, pelas nove horas, os fidalgos Jorge de Melo, Estêvão 
da Cunha e António de Melo e Castro submetem as sentinelas. D. Miguel de Almeida vai à 
janela gritar: "Liberdade, portugueses! Viva El-rei D. João IV!". Os fidalgos invadem o paço 
e matam quem se lhe opõe. Assim sucedeu ao corregedor Francisco Soares de Albergaria 
que teve o desplante de gritar viva El-Rei D. Filipe. Procuram Miguel de Vasconcelos. Este, 
está escondido num armário, Aires de Saldanha abre-o e D. António Teles de Meneses 
acerta-lhe um tiro. Outros dão-lhe estocadas, carregam o corpo e, da janela, atiram-no à multidão.
 D. Antão de Almada e D. Carlos de Noronha vão ter com a Duquesa de Mântua. Dizem-lhe
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