Aproveite a visita ao Castelo para 400 metros para Oriente visitar o Mosteiro de S. Vicente de Fora, primeiro, a Igreja com a capela - mor, forrada a mármore e onde se destaca o altar barroco. A estatuária é impressionante e o órgão, em talha é uma verdadeira obra de arte. Depois, faça uma visita cuidada ao Mosteiro, observe a construção, a cisterna, a entrada, os tectos, o fabuloso conjunto de azulejos que serpenteiam quase todos os lugares do edifício, a sacristia, o panteão da Casa de Bragança onde se destacam os túmulos de D. Carlos e D. Luís Filipe. Suba à torre sineira. A vista é deslumbrante.

Ao sair, à sua direita. passe pelo Campo de Santa Clara para se dirigir à Igreja de Santa Engrácia, hoje, Panteão Nacional. É um belo exemplar do barroco. Aí encontra os túmulos de poetas, navegadores e pre-sidentes. Camões, Vasco da Gama, Sidónio Pais etc. O edifício, de forma redonda, impressiona pela imponência.

Se programar a sua visita para uma terça-feira ou para um sábado, ao passar no Campo de Santa Clara vai encontrar a célebre Feira da Ladra onde encontra de tudo. Os artigos são negociados como num mercado árabe. É uma forma de ginástica mental e astúcia comercial.

Os árabes ou mouros viveram aqui mais de 600 anos e deixaram de tal modo raízes que os Bairros de Alfama e da Mouraria mantém ainda as suas características. Foi em Alfama que, em 1288, o rei D. Dinis fundou o Estudo Geral, embrião da Universidade, com as Escolas Gerais anexas e residências para os universitários.

Agora, desça pelo lado da Igreja de Santo Estevão. A igreja é uma pequena jóia de arte de forma octogonal e interessantes mármores. Observe a paisagem no Miradouro.

Continue a descer pelas escadinhas de Santo Estêvão; no final, corte à esquerda, entranhe-se no Bairro de Alfama e prepare-se para olhar todas as estreitíssimas vielas à sua direita e esquerda. Observe o complicado e o ema-ranhado das construções.

Aqui vive o passado, a tradição e o bairrismo saudável. Alfama entra no futuro sem modificar o ambiente e os hábitos: roupa pendurada nas janelas ou nas sacadas dos prédios, fado vadio nas ruas ou nos pequenos restaurantes, tabernas ou bares, os pregões das vendedeiras, o mercado de peixe ou de legumes à porta, os tronos de Santo António e a sardinha assada nos meses de Verão, gente conversando pausadamente nas ruas sem se importar com quem passa ou pára. A rua é o escritório onde se põe a vida em dia e Alfama o bairro onde a naturalidade e a simpatia das pessoas não colide com o progresso ou a importância dos visitantes.

Em 12 de junho, as festas populares de Santo António levam Lisboa inteira para Alfama. É um mar de gente e de sardinha. Tudo se passa com a protecção do Santo que no dia 13 faz questão de visitar todas as capelinhas e percorrer todo o bairro acompanhado do chefe máximo da autarquia e de muitos milhares de Lisboetas.

Caminhe em direcção à rua da Regueira, andando para a direita. Pela esquerda vai ter à Rua dos Remédios e à capela de Nossa Senhora dos Remédios cujo belo pórtico manuelino aconchega a pomba, símbolo do Espírito Santo. Não saia por aqui. Saia pelo lado contrário. No pequeno largo, volte logo à esquerda para a Rua de S. Miguel. Se a igreja do mesmo nome estiver aberta, entre. A talha dourada do altar mor é impressionante. Se não, sente-se na escadaria e descanse.

Passe a Igreja até ao largo de S. Rafael. Eis uma parte da muralha árabe, veja o estreitíssimo beco das Barrelas que contorna todo um edifício, siga pelos 20 metros da rua da judiaria, observe outro interessante pano de muralha com janelas góticas no largo onde está uma pequena homenagem ao poeta António Botto, siga pela R. do Terreiro do Trigo, sempre para a direita e 150m adiante encontra o Arco de Jesus, suba a pequena escadaria, volte à direita, vá até à igreja de S. João da Praça. Passe o largo até dar de frente com uma casa amarela, de varandas corridas e escadaria de balcão. Está na R. da Adiça. Se a subirsse calmamente, passados sete minutos estaria no miradouro de Sta Luzia e às portas do Castelo. Mas já de lá viemos. É só para verificar que Lisboa é um bolinho pequeno e fofo que se percorre sem esforço mas com prazer.

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