Deixemos os considerandos. Passa a R. da Adiça, o Largo de S. Rafael e entra pela Rua de S. Pedro, onde, todos os dias de manhã, há um mercado de peixe acabado de sair da lota. Continue. Vai sair ao Chafariz de Dentro, antigo largo do chafariz dos cavalos onde homens e animais vinham matar calores ou acalmar a sede. A 300 metros encontra-se o Museu Militar . A história e técnicas militares estão aqui profusamente documentadas juntamente com colecções de espingardas de guerra e caça e ainda enormes carros de transporte de pedras para os grandes monumentos da cidade. O próprio edifício é um verdadeiro monumento de beleza. Lg. de Santa Apolónia - Tel. 218882131.

Um pouco mais adiante tem outro museu interessantíssimo, o Museu da Água. Compõe-se de quatro núcleos: Aqueduto das Águas Livres, a Mãe de Água das Amoreiras, o Reservatório de Água da Patriarcal e a Estação Elevatória dos Barbadinhos. O museu conta-nos a história da EPAL e a história do abaste-cimento de água a Lisboa.

R. Alviela, 12 Tel. 21 813 55 22

Mas, estamos no Chafariz de Dentro. Em frente fica a Casa da Guitarra e do Fado, Tel. 218823470.

As personagens e os sons do fado no seu ambiente são aqui apresentados, de maneira interessante, através dos meios áudio visuais. Pode aproveitar para descansar sentado enquanto ouve fados e guitarradas.

O FADO ASSUMIU O ESTATUTO DE CANÇÃO DE LISBOA:

"Tem sempre um quê de pecado

E algo também divino

Amor que passou...é fado

O d'amanhã ... é destino"

(Mascarenhas Barreto)

Outro, de autor vadio:

Os teus beijos são loucos

De beijar e morrer

E os momentos são poucos,

P'ra t'amar e viver.

Vivo sonho e loucura

Nos beijos de paixão

É fado, é ternura

É amor do coração.

Tu és a minha alma

Eu não sei mais quem sou

Vivo na rua da Palma

Mas por ti ela voou.

Conserva-me prisioneiro

Nunca me deixes afastar

O teu amor foi o primeiro

Que eu consegui amar.

Toda esta volta parece enorme. Não é, e não custa nada. Depois de descansar, ao sair, volte à esquerda em direcção à Praça do Comércio, vá pela rua do Terreiro do Trigo que tem este nome devido aos armazéns para guardar este e outros cereais. Funcionava como celeiro público. Aqui, na travessa do Terreiro do Trigo e por trás do Banco Português do Atlântico e ao lado e no local do BCP - Nova Rede ficavam os banhos quentes: nascentes de águas minerais, ricas em azoto, magnésio, sulfato de cálcio, carbonato de cálcio, sódio, potássio e sílica que o desenvolvimento urbano inquinou e a Câmara Municipal foi forçada a tapar. Os árabes chamavam a Alfama, al-hama devido às suas águas termais. O largo mantém-se com nome de Alcaçarias (tanques para lavagem de lã e curtumes).

O segredo destas águas e das galerias por onde correm vai até à base do castelo. As galerias deviam ser, urgentemente, examinadas para se saber o estado da sua consolidificação.

Mesmo em frente da travessa do Terreiro do Trigo tem o edifício da Alfândega. Sai, passa o Arco do Rosário, que liga a rua da Judiaria onde já esteve, anda um pouco mais, vê à sua direita o Chafariz d'el Rei, construção do século XIII com varias modificações que o foram maltratando ao longo do tempo. Era um chafariz concorridíssimo, de água puríssima. A água nascia quente, passava por minerais de salitre e enxofre e ao ar arrefecia rapidamente. Abastecia não só a população como as armadas que saíam do Tejo a caminho das terras do outro lado do mar. Tinha seis bicas. No século XVII, devido às constantes cenas de pancadaria que ali se davam por causa da escolha da bica, ficou determinado, por postura camarária, que a 1ª era utilizada pelos homens de cor; pretos, mulatos, índios, a 2ª pelos homens das galés, a 3ª e a 4ª pelas mulheres pretas, mulatas e índias, a 5ª e a 6ª por mulheres e moças brancas.

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