Pare em Santa Luzia. Ladeando a Igreja tem dois miradouros sobre o Tejo e sobre o casario de Alfama. Um fica no jardinzinho de Santa Luzia e o outro em frente ao largo das Portas do Sol, assentes sobre a velha muralha árabe.

Nas Portas do Sol tem o Museu de Artes Decorativas Portuguesas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva. Chamo a atenção para o enquadramento das peças: o riquíssimo mobiliário respeitante aos séculos XVII e XVIII, a pintura, ourivesaria, porcelana, tapeçaria, têxteis e cerâmica desde os séculos XVI ao XIX. Este Museu tem ainda a característica de funcionar como Escola Superior de Artes Decorativas e Instituto de Artes e Ofícios. Largo das Portas do Sol, 2 - Tel. 218881991

Um pouco adiante encontra o Museu das Marionetas. Agregado de marionetas vindas de todo o mundo. Lg. Rodrigues de Freitas, 19-A-1ºEsq. Tel. 218865794.

Se seguisse sempre em frente, ia dar à Graça. A Igreja da Graça, de arco Manuelino, é formada de uma só nave e oito capelas. São de salientar as pinturas e os azulejos assim como a capela do Senhor dos Passos e a Capela mor. Predomina a arte rococó (caracterizada por uma grande profusão de enfeites, incrustações e linhas curvas e emaranhadas). O miradouro sobre a cidade e o castelo fica ao lado. Adstrito à Igreja fica o Convento do mesmo nome que além da torre do relógio, dos claustros, da cisterna possui ainda um conjunto muito interessante de azulejos. Adiante, 400 metros à esquerda, fica-lhe a alpendrada Igreja do Monte e a curiosa Cadeira de Pedra que abranda as dores de parto às mulheres que nela se sentam e estão prestes a dar à luz. Um presépio atribuído a Machado de Castro, um Crucifixo indo-português em marfim, os retábulos em talha e azulejos do período rococó são motivos a não perder. Mais adiante, aí a 800 metros, encontra-se a belíssima Igreja da Penha de França com um esplendoroso Miradouro sobre a cidade e pode matar a curiosidade no célebre Lagarto da Penha, que é afinal um Jacaré pintado na sacristia da Igreja. Foi voto do escultor António Simões, nos finais do século XVI, depois de ter sobrevivido ao desastre de Alcácer Quibir e a uma cobra que um lagarto conseguiu afugentar.

Mas o seu caminho é o Castelo. Se quiser passe pelos Lóios, pelo Chão da feira para entrar no Castelo. Se não quiser, suba por uma das ruas à esquerda e não tem que enganar. Tudo está indicado e ali a 100 metros. Em caso de dúvida, pergunte.

O CASTELO

Tanto os Fenícios como os Cartagineses e os Romanos escolheram este local como abrigo, ponto de defesa e de ataque. Estrabão (geógrafo grego, 58 a.c.) dá-lhe o nome de Ulisseam.

Os Romanos ficaram por aqui mais de 500 anos, chamaram ao povoado, defendido pelo castelo, Felicitas Júlia e deram-lhe estatuto de município; o que queria dizer que os seus moradores usufruíam do título de cidadãos romanos, com as regalias daí advindas.

Depois passaram por aqui Godos e Suevos. Vieram em seguida os Visigodos que ficaram durante dois séculos e meio.

Os Árabes, conhecedores da amenidade do clima, das boas águas e da pacatez da sua gente, resolveram destronar os Visigodos e instalar-se aqui em 716. Mudaram-lhe o nome de Olisipo para Lixbuna. Por cá ficaram até 1147 altura em que o primeiro Rei português, ainda sem o título reconhecido pelo Papa mas já utilizado por ele, resolveu conquistar mais uma parte do corpo de Portugal.

No Castelo encontrava-se a primitiva Alcáçova ou Citadela com as suas torres envolvendo o Palácio Real. Numa das Torres funcionava o Arquivo Nacional, por isso se chamava Torre do Tombo (foi fundado em 1375 pelo rei D.Fernando ). Quando do Terramoto de 1755 o conjunto ficou totalmente destruído. Felizmente que a Torre do Tombo pouco sofreu mas, mesmo assim, todos os documentos foram transferidos para S. Bento. Hoje encontram-se num arquivo construído de raiz, na zona da Cidade Universitária, perto do Campo Grande.

Mas estamos no Castelo. Se olhar para a cidade que se estende à sua volta e a seus pés, concluirá que é pequena, harmoniosa, rendilhada, confortável.

O bairro no interior do Castelo lembra o resto da antiga cidade murada. É digno de uma visita assim como a igreja de Santa Cruz cuja construção data do ano da conquista.

Se quiser, desça pelo Chão da Feira, passe o Pátio D. Fradique, vá até ao largo do Menino Deus onde teimam em se manter algumas das casas do século XV. Entre na Igreja do Menino Deus que fica 15 metros à sua esquerda. A Igreja é octogonal, tem mármores em profusão e quadros de pintores famosos como Vieira Lusitano, André Gonçalves e Manuel Ribeiro.

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