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TU CÁ
tu lá


Editora: Cunha Simões

Número de páginas: 232

Ano de edição: 1962

Preço de capa:


Pequeno excerto do livro


I


A audiência tinha terminado sem ter caído no goto fosse de quem fosse.


Manuel Barbas fora condenado a duzentos e cinquenta escudos de multa mais as custas e selos e o diabo a quatro. A verdade é que o pobre homem seguiu direitinho à grelha por não ter nada de seu a não ser mulher e dois filhos acabados de desmamar. E tudo isto porquê? Porque se condenava assim um pacato cidadão, um homem amante do trabalho e da família, sempre respeitador, sempre bastante educado no seu bom dia e boa tarde, saído daquela boca tacanha de semi-analfabeto, em virtude de ter que ajudar os pais quando o tempo da escola devia ter sido seu. Tudo isto, porque mandara o patrão bugiar, quando este farto de o ofender, porque achava tudo quanto fazia mal feito, lhe chamou "grande chavelhudo" O pobre não aguentou mais; pobre sim; mas honrado tanto o Manuel como a mulher; e vai-se a ele com o rabo da enxada que a não lho tirarem da vista tuvada pelo sangue e pela irritação ou se escavacava o acete ou lhe partia as costelas.