Judeus, Portugal

e os sentimentos
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Morada

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Muito antes de Portugal e Espanha se terem formado como nações já os judeus viviam por estas terras. Nunca reivindicaram direitos ou provocaram guerras.

Desde o nascimento de Portugal colaboraram com os governantes na organização administrativa.

Sem eles, Portugal, dificilmente teria sustentado e conservado a independência.

Estiveram sempre nos momentos decisivos trabalhando nos bastidores, na criação de riqueza, no progresso e no sucesso dos descobrimentos.

Salazar agradeceu-lhes recebendo-os quando todo o mundo os rejeitava.

Portugal foi o porto seguro que lhes garantiu que não estavam sós.

Salazar devolveu-lhes a esperança. Moses Amzalak facilitou caminhos. Os Bensaúde forneceram navios.

As portas da esperança transformaram-se em realidade, abriram-se.

O solo sagrado e eterno voltou a abraçar os filhos que regressavam a casa.

O REINO DOS JUDEUS

Espoliados por todos, os judeus têm um papel importante no contexto mundial. Eles conseguem criar riqueza a partir do nada. Quanto mais lhes tiram, mais eles possuem. Esse mistério baralha os beneficiários do seu trabalho.
A cultura judaica é síntese na cultura mundial.
Os judeus, misturados com outros povos, nunca se confundiram com eles.
Se quiséssemos discutir as qualidades da raça verificaríamos que os judeus são aqueles cuja estirpe é a mais pura. Eles preservaram-na através dos casamentos entre a sua gente. Só na impossibilidade dessa determinação faziam cruzamento com outros povos.
Portugal recebeu os genes, o discernimento, o fermento destes insaciáveis viajantes que transportavam consigo a identidade e a memória colectiva na própria Nação que carregavam, a viviam e a sonhavam no lugar onde se encontravam de passagem. Em Portugal enterraram a Arca da Aliança. Seria daqui que o seu pensamento e as suas visões partiriam para o reencontro com a Terra Prometida.
Os portugueses herdaram-lhes o saudosismo, os genes, e o destemor que os fez mergulhar nos mares desconhecidos e fazer nações. Por esta característica, os judeus, no mundo, eram considerados “os portugueses”. Eles nunca o negaram.
Estão na Península desde o século II e no território, onde viria nascer Portugal, desde o século VI como o comprovam as estelas encontradas com inscrições judaicas.
Os judeus sentiram que a última etapa da saudade se cumpriria a partir de Portugal.
O navio Niassa e muitos outros, de Bensaúde ou fretados por ele, foram a força que floriu na terra de onde tinham partido há mais de dois mil anos. Israel renasceu. O coração de Portugal também bate ali.
Os judeus, não são mais egoístas do que os outros povos, nem escondem o saber. Divulgam o conhecimento, a inteligência e a experiência e, naturalmente, pretendem ser compensados pelo esforço.
Desde o ano 135, depois da morte de milhares de judeus e a escapatória de todos os sobreviventes, no tempo do imperador Adriano, a Península Ibérica foi a sua principal casa de acolhimento.
Eles amaram a Espanha, mais do que nenhuma outra terra. Sonharam mesmo ter ali o seu porto de abrigo. À Espanha chamaram Sefarad que tem como raiz Sefer. Sefer escreve-se em hebraico com três letras: samekh, fe e resh (s, f e r). Sefarad escreve-se com quatro; as três anteriores significam livro, mais dalet (d). Como a base nos aponta para livro, julgo que Sefarad significaria o país da cultura, que é o sustentáculo de toda a força e engenho judaicos.
Sefarad seria assim o país que mais estimavam e onde criaram escolas excepcionais. Acreditaram ter encontrado ali a paz, a segurança e o lugar do pensamento. Acabaram por ter em Portugal o único porto seguro, antes de regressarem à Pátria perdida.
Muito antes de Portugal existir como reino já existiam comunidades judaicas espalhadas por estas terras. Tinham aqui nascido gerações. Aqui continuaram sempre. Não há descontinuidade. Mesmo nos piores momentos ficaram. A terra portuguesa muito lhes deve e eles muito devem à terra portuguesa. Sempre se sentiram portugueses. São-no porque a terra era sua e continuou a sê-lo depois da transformação em Estado soberano.
Portugal continuou, no século XX, a servir-lhes de porto de refúgio e passagem para que o sofrimento terminasse e a esperança se concretizasse. O seu objectivo, de mais de dois mil anos, tornou-se realidade. Milhares salvaram aqui a vida. Daqui partiram para a viagem de regresso. A viagem do reencontro com a história.

Excerto do livro "Judeus, Portugal e os sentimentos":